Parada de Copa lança arroz de pato e segue em alta no agito de Copacabana, servindo os clássicos do Cervantes

O arroz de pato foi lançado recentemente, e já é um sucesso – Foto de Bruno Agostini®

Logo que o Parada de Copa abriu as portas, no meio de 2021, a notícia se espalhou, ao menos entre os que frequentam e/ou moram em Copacabana, como eu: “é a volta do Cervantes”, vibrávamos, com a novidade, que contratou muitos ex-funcionários (18). E que, com eles, passou a servir o mesmo menu do histórico restaurante da Prado Junior, reduto da boêmia carioca e repositório de receitas tradicionais do Rio.

Pernil com abacaxi, pimenta da casa, chope na caldereta, limão e salpicão de frango: isso é a mais pura linhagem de Copacabana – Foto de Bruno Agostini®

O assunto voltou à tona recentemente, quando o bom e velho Cervantes original foi ressuscitado por Antônio Rodrigues, do Belmonte, que também reanimou o Amarelinho da Cinelândia, e o Nova Capela, casas tradicionais que hoje fazem parte do grupo (muitos estão na torcida e fazendo campanha para que ele arremate o Bar Luiz, fechado na pandemia). Mas… voltemos ao começo.  O tema ganhou novo destaque porque o cardápio do Cervantes mudou, e muito. Mas, sobretudo os sanduíches, os ícones do lugar, que ganharam novas fórmulas, e pães diferentes (mas de grife: João Padeiro, que tira onda) – o que naturalmente desagradou aos tradicionalistas. Ainda nem fui. Talvez por causa disso.

O trio de lagarto assado fumegante e perfumado – Foto de Bruno Agostini®

Voltei à Parada de Copa animado, como sempre, para um encontro com o amigo Marco Espinoza, do Lima, Cantón, Kinjo etc. Feliz de encontrar um salão refrigerado, pois estava um calor dos infernos. E também gostei de ver uma grande estufa, armário aquecido, uma vitrine muito bem iluminada que ostentava duas imensas peças de pernil, com bonita capa de gordura, outra dupla de carne suína, desta vez vistosos lombinhos, e  – no andar mais baixo – uma travessa fumegante de carne assada, o lagarto que tanto sucesso faz nos sanduíches dali, assim como os anteriores. Um perfume tentador sai dali, o impacto não é apenas visual, mas também olfativo.

Língua ao Madeira com farofa, de aperitivo: ao fundo, sandubão adorna o quadro – Foto de Bruno Agostini®

Já tinha escolhido o que pedir: sanduíche de pernil com abacaxi (dispenso o queijo), acompanhado pelo salpicão de frango (clássico do balcão) e língua ao Madeira com farofa, para petiscar. Haja a boa pimenta da casa, que faz tudo ferver e ficar melhor. Já estava de olho no prato desde a primeira visita, poucas semanas depois da inauguração, quando fui de sanduíches e chope, o que fiz nas poucas vezes que voltei (duas ou três, além do dia em que levei o pernil com abacaxi pra casa).

Na vasta seleção de caipirinhas, fui na de limão com rapadura, porque sou brasileiro – Foto de Bruno Agostini®

Para os fãs de comidas do tipo, os populares miúdos, há moelas ao molho, pra petiscar com pimenta e farofa e/ou pão). E, para os que apreciam o molho à base do vinho Fortificado (quase ninguém mais usa o legítimo Madeira seco da receita original), existe na ementa o clássico medalhão à piemontese, enrolado com o bacon e servido com essa espécie de roti, escuro, saboroso e denso.

O Wellington, o arroz de pato e a vitrine das carnes – Foto de Bruno Agostini®

Esse molho de carne bem executado serve de base para uma das novidades da temporada: o arroz de pato, molhadinho como os brasileiros gostam. Agora que sou vizinho, vou voltar muitas e muitas vezes.

Além disso tudo, e do papo sempre muito bom, bebemos chopes bem tirados, salivamos com a estufa recheada de pernil, carne assada e lombinho. Provamos uma bela caipirinha de limão com rapadura.

Lembrando, ainda, que há fígado acebolado e escalopes ao Madeira no setor chamado “Pratos Premium”, o menu executivo, de 12h às 17h nos dias úteis.

É preciso, ainda, destacar a equipe. Do simpático Antônio, no balcão, que tira chopes e monta sanduíches com destreza; ao Wellington, que comanda o salão com elegância e cordialidade (esse foi recrutado no Entreamigos, e fez carreira no saudoso Mosteiro). Outra peça fundamental no atendimento é o Getúlio, vindo do Cabidinho, em Botafogo, outra birosca notívaga – que funciona 24 horas. Muitos não sabem, mas a Parada de Copa pertence a João Brandão, dono do Cabidinho, na esquina das ruas Mena Barreto com Paulo Barreto.

 

As batidas circulam pelo salão, de vez em quando, em formato ‘shot’ – Foto de Bruno Agostini®

 

Saí pensando: ficou faltando só os raros miolos à milanesa, aperitivo clássico do antigo Cervantes, que já não se tem notícia de ainda ser servido em algum lugar da Zona Sul. E, já que falamos nisso, lamento, também, a exclusão dos rins ao Madeira com purê de batata do cardápio do Nova Capela… Lamento.

Além de pensar, cheguei a uma conclusão: considerando ainda os preços corretos, a Parada de Copa é um dos melhores botecos do Rio, e de Copacabana, esse bairro que é o mais repleto deles no Rio. Sem comparação. Copa é uma botecolândia da gema.

 

SERVIÇO
Parada de Copa: Rua Barata Ribeiro 450, Copacabana. Tel.: 3936-0450. Instagram@paradadecopa (tem o cardápio atualizado, com preços)

 

3 commentários
  1. Estive várias vezes no Parada de Copa, depois que saio do trabalho, já que é muito perto do consultório. Ainda não comi a lingua, mas pela cor do molho, parece industrializado, com tomate e outros itens, já que molho madeira de verdade é marrom escuro, quase negro. Em relação aos sanduíches, pernil com abacaxi é rei, mas tomo a liberdade de dizer que o filé com queijo (abacaxi em prato separado) é tão bom quanto. Carne assada ainda não provei. Lombinho com abacaxi tem pedir ao garçom para fatiar as partes mais úmidas da carne, que assim fica bom. Rosbife com abacaxi, salaminho com queijo e principalmente tender com abacaxi são muito bons também.

  2. Fazem trinta anos que me mudei pra Pernambuco sinto muitas saudades hoje e quase impossível que eu vá ao Rio de janeiro novamente fui um frequentador do Cervantes e sinto saudades das delícias ali servidos agora tomei conhecimento das mudanças parece que tem sempre alguém disposto a estragar o que está dando certo paciência foi ótimo saber que os antigos funcionários estão tocando a moda antiga se fosse possível gostaria demais de saber os componentes da salada de salpicão a antiga do Cervantes e possível que os funcionários saibam somente os componentes já ajuda muito grato e parabéns pela sua publicação

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