Da Brambini: no Leme, encontro lembranças de família e receitas clássicas da Itália

A simpática fachada do pequeno restaurante – Foto de Bruno Agostini®
Existe uma categoria de restaurantes que aos poucos vai se tornando escassa: a de lugares que frequentei muito com meu pai.
Muitos já fecharam, como o Antiquarius, o Porcão de Ipanema, o Grottamare, o Jangadeiros, o Bozó, e o Le Coin.
Outros continuam abrilhantando os meus dias, caso do carnívoro Esplanada Grill, do marítimo Satyricon e do italiano Da Brambini.
O vermelho, muito fresco, e bem cortado, é marinado rapidamente no limão – Foto de Bruno Agostini®
É sempre muita alegria em meu coração visitar esses lugares que tanta importância têm pra mim.
Hoje é mais um desses dias.
Gosto, entre outras coisas, de pedir coisas que comia com meu pai.
E de lembrar dos convites irresistíveis que ele fazia, assim do nada: “Vamos jantar no Da Brambini?”
O famoso couvert: dos melhores do Rio – Foto de Bruno Agostini®
Sempre que subimos dois degraus que separam o salão miúdo do Da Brambini do calçadão do Leme eu imediatamente me sinto um pouco mais feliz. Alegria que aumenta quando avisto o @valdirbraga094 – um dos grandes profissionais da gastronomia carioca.
Birdview, ou foto do drone: que linda mesa para se começar um almoço numa tarde quente – Foto de Bruno Agostini®
Prontamente ele me traz um branco siciliano, logo após preparar um vermelho marinado em azeite, limão e dedo-de-moça, uma espécie de carpaccio que valoriza a carne do peixe, e suas texturas. Torradinhas ultrafinas servem de talher pra levarmos à boca cada naco bem temperado.
O couvert não se pode dispensar ali: o prato redondo traz no meio uma fritada de legumes que é passaporte pro Céu, quase uma chave do Paraíso em toda a sua simplicidade. Está rodeado de pequenas tiras de abobrinha fascinantes, e de lâminas de berinjela de tempero gritante na medida de ser inesquecível. Pimentões assados colorem o serviço e na cesta de pães há um, de linguiça, que é uns baita tentação.
Ossobuco clássico, com risoto (impecável) de açafrão – Foto de Bruno Agostini®
Enquanto isso, o Valdir sugere, com sentença de vida: “Pro prato principal, hoje, vai querer o que? Outro dia, você comentou sobre o ossobuco que você comia com seu pai. O que acha?”
Ele nem sabia, mas eu já estava decidido, desta vez, a pedir a canela de vitelo, porque das outras vezes em que estive lá esse ano me dediquei integralmente aos pescados, porque ali é dos raros portos seguros para peixes e frutos do mar na praiana cidade do Rio, o que é até um pouco inacreditável. Lagostins grelhados, espaguete ao vôngole e pargo ao sal grosso são sempre impecáveis.
Já estava, porém, decidido a pedir o ossobuco. Muito bem servido, bem com três robustos pedaços de carne, no ponto perfeito de cozimento e com o molho de tomate que tudo melhora. O risoto alla milanese tinha boa cremosidade e grãos al dente, no ponto preciso. Foi um momento sublime.
O zabaione é único no Rio, quentinho, batido na hora – Foto de Bruno Agostini®
Um amigo recomendou, ainda de manhã, quando eu disse que almoçaria lá: “Pra sobremesa, tem que ir no zabaione”.
Pedi, pra constatar que é o único lugar do Rio que faz o zabaione na hora, batido com Marsala como manda a regra, chegando quentinho ainda à mesa.
Foi um almoço bem marcante. Como são todas as minhas refeições naquela casinha de simpática fachada.
Enquanto comia, falava com meu pai no WhatsApp. Ele ficou feliz por mim, lembrou de certos pratos dali. E eu agradeci por ter tantas memórias do Da Brambini, com alto grau de afetividade. Esse tempero, é vero, poucos lugares conservam.
SERVIÇO
Da Brambini: Av. Atlântica 514, Leme. Tel.: 2275-4346. www.dabrambinirio.com.br
Instagram: @dabrambini
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