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Levado por um amigo que sabe das coisas, conheci o chef Renato Ialenti num local chamado Pra Vadiar – Botequim Italioca, em Copacabana, ao lado da Galeria Alaska. O nome vem da junção das palavras Itália (ou italiano) com carioca. Era um boteco, enfeitado com referências ao samba e ao futebol, mas com cardápio quase 100% italiano (tinha um belo caldinho de feijão). Tinha, ainda, uma bela carta de cervejas (maioria nacional). Um lugar único, do qual chego a sentir saudades pela despretensão, pela qualidade da comida (mas que porchetta!!!) – e, se não me falha a memória, pela sambinha que tocava em bom volume.
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Gostei tanto que voltei mais duas ou três vezes, em curtíssimo espaço de tempo, coisa que não é nada comum em minha vida.
Depois, tive um jantar memorável no L’Ulivo, também em Copacabana, na companhia de Joaquim Ferreira dos Santos, enquanto o restaurante estava sob o comando de Ialenti. Vale dizer que depois da saída dele, quem assumiu a consultoria da cozinha foi o chef Michelle Petenzi, que dá expediente hoje na Casa do Sardo e afiliados: é dos melhores cozinheiros do Rio, e o L’Ulivo está muito bom depois de seu trabalho.
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Tudo isso para dizer que hoje Ialenti está no comando do Alloro al Miramar. Já estive lá cinco ou seis vezes desde que assumiu a cozinha, e a comida que ele prepara me emociona como poucos (quem me conhece sabe que sou um italianófilo, especialmente no que tem a ver com a gastronomia).
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– O Renato faz comida italiana de verdade, como na Itália – me disse certa vez o chef Nello Cassese, do Cipriani, defendendo uma tese que eu já defendia desde que o conheci.
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O cardápio do Alloro indica a procedência de cada prato. Assim ficamos sabendo que o baccalá mantecato con polenta grigliata (é do Vêneto), uma espécie de rillete de bacalhau, cremoso, servido sobre a polenta crocante.
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Do mesmo modo, o polipo e patate é originário da Campânia, e vem com toque de tinta de lula: no menu de entradas essas estão entre os melhores pedidas. O polvo com batatas e tinta de lula é certeiro.
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Outras boas escolhas são o carpaccio de olhete com pistache, hortelã e limão siciliano caramelizado. Refrescante, acidinho, crocante, com ligeiro contraste de sal e doce.
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Também tem esse contraste entre sal e doce na Bresaola con fichi al Porto (da Lombardia), uma bela combinação entre bresaola de lagarto bovino com figos ao vinho do Porto, servido com creme de mascarpone e castanhas de caju.
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Ainda tem, além de vitelo tonnato, é uma belezura de panzanella de frutos do mar. E quem sabe a gente pode pescar da lista de pratos principais, de pescados, a frittura di gamberi e calamari con verdure di stagione, camarões e anéis de lula e legumes da estação fritos, servidos com maionese caseira.
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Nesse cardápio de verão notamos uma tendência para buscar sabores mediterrâneos, e a Sicília se destaca nesse passeio pelos frutos do mar, que apresentam frescor. Uma das melhores coisas que comi nos últimos tempos, o spaghetti com le sarde é uma massa al dente como deve ser, em molho com aliche, pinoli, ou nozes, além de nacos de filé de sardinha, com a pele tostadinha, pangrattato, a farofa de pão italiano, limão siciliano e endro. Perfume, sabor, textura, doce e salgado. Uma lindeza que me deixou de fato arrepiado. Muito bom. Não deixe de pedir esse prato.
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Quem quiser pode pedir pratos clássicos romanos, que andam em alta, e são muito bem executados por Ialenti: tonnarelli cacio e pepe com alcachofra e uma bela carbonara.
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Eu, contudo, continuaria o passeio pela Sicília, através da busiate com vôngole e bottarga uma espécie de espaguete artesanal, de espessura mais grossa. Outro destaque do menu. Não deixe de pedir esse prato.
Da Sicília também vem a inspiração para um prato que representa a influência árabe nessa ilha italiana: gamberoni gratinati al forno con cous cous alla trapanese, vistosos camarões gratinados com crosta de ervas e servidos com cuscuz de peixe e legumes. Lindo.
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Assim como o tagliolini al nero di seppia con calamari croccanti, imperdível e impecável talharim preparado com tinta de lula, servida com molho também tingido de tinta de lula, com farofa de lula crocante. Não deixe de pedir esse prato.
– O problema é que suja a boca – disse ao chef.
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– Não tem problema, a gente limpa a boca com uma taça de vinho branco – respondi.
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Ao final do prato, fica uma obra de arte em branco e preto.
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Para receitas mais “montanhosas”, há tagliatelle alla norcina, da Úmbria, massa com linguiça toscana, cogumelos e toque de trufas negras, além de um agnolotti ai 3 arrosti (do Piemonte), massinha recheada com três carnes: vitelo, suíno e coelho, com o molho de seus cozimentos. Isso é que é conforto.
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Na seção de pescados, brilha o filé de cherne com vieiras ao molho de azeitonas, alcaparras, tomate e legumes em tempurá.
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Entre os pratos mais encorpados e carnívoros, há o clássico ossobuco com risoto de açafrão e um impecável lombo de cordeiro em crosta de ervas com alcachofras, bacon e aspargos, que não pode sair do menu.
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Além de um dos melhores tiramisùs que já provei, …
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… cremoso e equilibrado,…
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… a lista de sobremesas tem tintas verde-amarelas tanto no creme brulée ao maracujá com manga ao Porto quanto no semifreddo – também há versão decassata siciliana (olha a ilha aí de novo), de ricota, com laranja caramelizada, pistache, cereja caramelizada e gotas de chocolate belga é outra excelente pedida da Sicília.
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Close no creme brulée.
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Peça o café, e com ele vem macarons de pistache (outra referência à Sicília, e à cidade de Bronte), e uns bombons. Da cesta de pães até as mignardises, o Alloro é dos grandes italianos, e consequentemente um dos melhores e mais certeiros restaurantes do Rio. Com Ialenti na cozinha não tem furada.
SERVIÇO
Alloro al Miramar: Miramar Hotel By Windsor, Av. Atlântica 3668, Copacabana. Tel. 2195-6213. https://alloroalmiramar.com.br; https://windsorhoteis.com/hotel/miramar-hotel-by-windsor/
E-mail: aeb.miramar@windsorhoteis.com.br