Bruno Agostini
Se este fosse um post para o Instagram eu certamente começaria com dois emojis daqueles que indicacam atenção, com uma interrogação destacada numa placa amarela. Entre eles, eu escreveria, em caixa alta: ALERTA DE NOVIDADE.
Continuaria dizendo algo assim: “Acaba de chegar ao Brasil o Sumo Cat 2023 um vinho que é a globalização engarrafada. Trata-se de um Riesling alemão produzido por espanhóis na região de Rheinhessen, que foi desenhado pelos enólogos da Citzen Wine para se combinar com a cozinha japonesa, de sushis a sashimis até as receitas mais encorpadas, com caldos ricos e carne de porco. Provei, e aprovei a novidade, em almoço antológico no Mitsubá.
Um almoço no Mitsubá harmonizado com Riesling alemão
É um vinho fresco, e exuberante no aroma, como se espera dessa uva. Tem notas de frutas, como maçã verde, pêssego e pera, alguns tons de flores brancas, de perfume adocicado, como flor de laranjeira, deixando na boca ainda uma ligeira sensação de mineralidade. O Sumo Cat apresenta um interessante jogo de contrastes, entre a salinidade que entrega junto do suave dulçor, que o torna muito bom para a cozinha japonesa sobretudo nesses casos, em que sal e açúcar convivem muito bem – melhor ainda se tiver bom nível de acidez e de pimenta. Isso vale para também para as receitas mais untuosas, como uma boa barriga de atum bluefin, a parte nobre do peixe, chamada de o-toro, e dos cortes mais cobiçados nas casas japonesas.”
Mas, como não é, vou poder me alongar um pouco mais, dizendo que o almoço teve início com um saquê levinho e irreverente, batizado de Fukucho Sea Food, nome que deixa claro os seus propósitos à mesa: se harmonizar com pescados.
Com ele na taça começamos ao sabor do bolinho de peixe de boas-vindas, que foi sucedido por uma receita que só é preparada sob encomenda: língua no missô. Bom demais. Fiquei imaginando que, com sua untuosidade e sabor que tende ao doce, seria também excelente pedida para o Sumo Cat, que estava ainda gelando no balde. Em seguida, vieram a língua grelhada, que faz parte do menu regular, e que eu sempre peço. Também seria bom com o Riesling, certo.
Perninhas crocantes de camarão, uma perdição, vierem em seguida. Foi quando chegaram as vieiras, cortadas finamente, em tempero com nabo ralado com pimenta, molho à base de shoyu e cebolinha. Pedi para abrirem o vinho, e fiz muito bem. Perfeito casamento.
Veio, então, uma sequência de tirar o fôlego, com sashimis de pargo, hamachi, serra e cavalinha marinada – novamente apreciados entre goladas sedentas de Riesling alemão. Ulalá.
Passamos adiante com uma degustação do mais nobre blue fim espanhol, com direito a o-toro. De fato, o vinho tem competência de sobra para elevar a cozinha japonesa a outro patamar. O que já é sempre bom, o Mitsubá, sempre pode melhorar.
Antes dos nigiris mais especiais do dia, pedimos guioza de porco, o que foi muito bom para comprovar a versatilidade do vinho. Depois de cinco rodadas impecáveis, com destaque para o nigiri de manjubinha e para os preparos de atum com ouriço-do-mar e o “sururu” japonês com raspas de limão, especialidade da casa cujo nome eu me esqueço, chegamos ao cume, ao ápice deste memorável almoço: sim, encerramos com nigiri de unagui, a enguia japonesa, a potencialização do sabor, com seu umami, sua untuosidade e sabores concentrados – uma das iguarias que eu mais aprecio, entre todas. Aí, amigo, o vinho brilhou como nunca. O sumo Cat nasceu para isso.
SERVIÇO
O vinho está disponível no site da importadora, com preço de R$ 129 (na data de hoje): www.onivino.com.br.
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