Passei três dias envolvido em vinhedos de Loureiro, Avesso e Touriga Nacional, no hotel Monverde, na região dos Vinhos Verdes, o Minho, norte de Portugal. Foi uma experiência incrível, porque o lugar é lindo, o clima contribuiu, a comida é excelente e fizemos uma programação muito agradável, com ótimos restaurantes pelo caminho, desde os mais simples aos mais refinados.
Mas havia um tempero extra. Tenho especial apreço pelo local, ainda antes de tê-lo conhecido. É desses vinhedos que saem muitos dos cachos da uva que dá origem ao Compromisso, da Quinta da Lixa, vinícola da qual sou embaixador. (Para ler o post sobre a experiência no hotel, clique aqui). Trata-se de um Loureiro 100%, vinho cheio de aptidões gastronômicas, com o qual gosto muito de trabalhar.
Tenho especial apreço por este vinho, por três razões principais: é muito bom, versátil na gastronomia e perfumado. Consegue isso, com preço excelente (em média, entre R$ 110 e 140 em abres e restaurantes). Por isso, faz sucesso em lugares de perfil variado, de bares a restaurantes de culinárias diversas. Fora isso, o Compromisso também combina com o clima do Rio, o calor e o nosso astral. É um vinho alegre. E tem um rótulo lindo e elegante, como ele na taça. Com este nome, também é um ótimo pretexto para pedir alguém em namoro, noivado ou casamento.
Em casas portuguesas, com certeza, ele aparece em muitas cartas, como nos Gajos d’Ouro, na Tasca do Marquês, na Mercearia da Praça e na Sardinha Taberna; em restaurantes de pescados, como o Escama, a Casa do Sardo, o Tragga del Mar e a Peixaria Mocellin, assim como os orientais, tal o Mee, no Copacabana Palace (está também na carta do Pérgola), e o sino-peruano Cantón, dedicado à cozinha chifa, essencialmente chinesa, mas com ceviche, outra harmonização perfeita para este vinho.
Como vai muito bem com porco, e frituras de maneira geral, é excelente escolha em lugares de cozinha alemã, como o Herr Pfeffer e a Adega do Pimenta, assim como os de culinária brasileira, como o Bão, onde é a escolha perfeita para a barriga de porco crocante. Já provei com feijão tropeiro, e que delícia que foi. Com bobó de camarão, igualmente.
Também podemos encontrar o vinho alguns alguns bares, de uma maneira geral, como o Farrapos,…
… assim como em muitos dos restaurantes tradicionais do Rio, como o Fim de Tarde (cozinha ibérica, com pegada galega) e o Bar Urca (entre os meus preferidos) – que, afinal, fazem uma gastronomia típica do Rio, mesclando um pouco de nossos pratos com outros, de origem europeia, sobretudo Portugal e Espanha, mas também um pouco de Alemanha.
A safra 2021 chegou há pouco mais de um mês ao Brasil, e está deliciosamente fresca, perfumada e fácil de beber. O padrão é mantido ano a ano, tenho percebido. De uma maneira geral, temos na taça um vinho com notas cítricas, onde surgem limão siciliano e flor de laranjeira, com maçã verde e melão em segundo plano, às vezes algo de pêssego surge, sobretudo com algum tempo maior de garrafa. Delícia. Uma acidez bem marcada é equilibrada por um açúcar bem dosado, combinação essa que lhe torna agradável e gastronômico.
Esse conjunto, completa muito bem o sabor dos pescados, jogando um toque de acidez, como se fosse limão. Nos pratos mais gordurosos e pesados, empresta um pouco de leveza, e corta a gordura, fazendo o mesmo papel de agir como limão que cumpre com peixes e frutos do mar. Em vez de espremer a fruta, muito melhor é dar um gole no vinho: #vaipormim
Por fim, quando se fala de cozinha asiática, sua exuberância aromática e perfil sensorial vai muito bem com os agridoces e picantes que caracterizam grande parte do que se come no continente. Já provei em restaurantes japoneses, tailandeses, chineses e pan-asiáticos, de modo geral, e o Compromisso foi sempre um sucesso.
Se eu fosse você ia em algum desses restaurantes citados provar este vinho. Já imaginou como isso é bom no Herr Peffer, o melhor bar do meu mundo, acompanhando essa dupla aí da foto: a picante linguiça da diretoria e a crocante barriga de porco. Eu não contar, pra deixar você curioso e ir lá provar.