A Cave Nacional é um lugar que sabe prestigiar o vinho brasileiro. Além de uma cuidadosa seleção de rótulos produzidos no país o local promove degustações semanais, além de manter sempre um trio temático para a prova, com algum tempo, seja uma vinícola ou uma variedade de uva, ou mesmo algo que eles queiram destacam (esta semana é com a Quinta Barroca da Tília Probono 2021, Capoani Merlot 2018 e Calza Nebbiolo 2020).
Nas noites de terça, por exemplo, é dia de degustação de alguns vinhos comentados. Há duas semanas eu estive lá para provar os vinhos da Garbo, vinícola gaúcha que eu não conhecia, um projeto diferente, moderno até, poderia dizer, para resumir.
Eles usam a expressão “Enologia Criativa” anexa ao nome da empresa. Eles assim se definem no site: garboenologiacriativa.com.br
“Somos três enólogos, amigos unidos na vida pelo vinho, o fruto sublime da sinergia entre a natureza e o homem. Cada garrafa de Garbo é capaz de revelar a mais pura expressão dos princípios, conhecimentos e dedicação das pessoas que o idealizaram.”
Gostei da linha, de modo geral, vinhos com personalidade, onde encontramos, por exemplo, um corte da Chardonnay com a piemontesa Arneis – e eu tenho gostado muito dos resultados com castas italianas que estamos alcançando nos últimos anos, isso vale para tantos exemplos que vale um post à parte.
Mais me chamou a atenção por algumas razões o Pinot Noir clarete Cherry Bomb, um vinho leve, cheio de fruta, jovialidade e frescor, desses que a gente gosta de beber ao redor de uma boa mesa, inclusive porque é um exemplar versátil com a comida.
Melhor servir em temperatura de um branco encorpado, para melhor notar seus aromas de cerejas e framboesas, além de notas de rosas e um toque de tomilho, algo herbal. Delicado, tem apenas 11,2% de álcool, e taninos macios feito seda, mas sua textura tem o nervosismo da acidez característica desse tipo de vinho, raro, infelizmente (quem puder, prove o clarete fantástico de Luiz Henrique Zanini, na Era dos Ventos), ainda que tenhamos no Brasil clima para isso, tanto em razões de terroir quanto de tipo de consumo.
Eles da Garbo sugerem que se beba esse vinho em uma praia, e eu imagino como deve ser bom. Assim como provando um belo atum à moda oriental, por exemplo, só para citar um dos muitos pratos que me vieram à mente quando provei este vinho.
Já que falamos da Serra Gaúcha, precisamente Monte Belo do Sul, eu logo imaginei este Cherry Bomb brilhando nas casas de galeto, com seu percurso de pratos coloniais, e mesmo com um bom churrasco de ovelha, ou mesmo costeletas de cordeiro ou uma carne como o vazio – e até mesmo um costelão, pois iria dar leveza ao conjunto, e sua acidez cortaria a gordura do corte de longo cozimento.
Também acredito no bom entendimento do vinho com a culinária de fazenda, aquela que designamos de mineira, embora tenha origem difusa também pelo interior do Rio e de São Paulo, e também com um bom feijão gordo.
Eles vendem através do site, onde custa hoje, dia 25-7-2022, R$ 90,20 (neste link).
Sugiro, ainda, que se visite a Cave Nacional, que já destaquei (aqui neste link) na coluna De Bar em Bar, que publico sempre às terças (amanhã o tema será o Vian, em Ipanema, que todas as segundas recebe algum bartender convidado: hoje é a vez de Thiago Toalha).
Como dizia, acho a Cave Nacional um lugar muito bom, porque tem bom repertório de vinhos, pratos que são adequados à proposta e preços legais, ainda de ter um clima agradável, com simpático serviço. Terças, além dessas degustações dirigidas, também andam servindo ostras, e uma porção dá direito a uma taça de vinho. Quarta tem música ao vivo, e às quintas é lançado o flight da semana, com o trio de vinhos que será servido junto, para avaliação. Fora isso, de terça a sábado, entre 17h e 20h, os vinhos em taças e esses “sobrevoos” têm desconto de 20%.