Outro dia tive a nobre e honrosa missão de receber o amigo @bondboteco na @churrascariapalace para um almoço, que eu sabia ser longo e prazeroso, com ótimo papo, e a alegria de sempre, de estar ali – essa rotina deliciosa que me cabe.
Além de grande figura, Bond é um poço de cultura gastronômica, um sábio na arte de comer, um frasista formidável e craque na criação de legendas únicas para o Instagram, dos mais divertidos da área. Cronista irreverente da boemia carioca, é um personagem dessa cidade. “Devagar também é velocidade” – é abrasileirar com sapiência o conceito de “Slow Food”, que apesar do nome tem origem no Piemonte, na Itália.
Naquele fim de tarde nós levamos ao pé da letra esta filosofia, que carrega bem o espírito do “dolce far niente” (algo como “a doçura de não fazer nada”).
Nos sentamos à mesa por volta das 15h. Só saímos dela umas 23h. Nessas oito horas de orgia etílico-gastronômica cumprimos um ritual generoso e variado de grandes prazeres da mesa.
“Podemos começar com um trio que parece incompatível mas que adoro apresentar para pessoas como você? Um Blood Mary bem apimentado para acompanhar um prato de ostras frescas e bacon ao mel”, perguntei certo da resposta positiva.
“Que é isso, fera? Sério mesmo? Combina? Manda ver”, respondeu ele, mostrando o entusiasmo de sempre em propostas do tipo.
Sinal verde dado, logo chega o trio, maremonti total. O drinque esquenta o corpo, abre as papilas e nos prepara para o desfile de pescados e carnes que virá a seguir. As ostras frescas ao limão refrescam. O bacon ao mel traz gordura, notas defumadas e o contraste do doce, e do crocante. E mais um gole é urgente. Limpa e instiga a língua. E outra ostra. E, então, o bacon volta, fechando o ciclo de de deleites, sabores e texturas complementares.
Depois, o que sempre faço: arenque defumado com maionese de urucum e sardinhas portuguesas em conserva temperada.
Bolinhos de bacalhau, regamos com azeite e a potente e atômica pimenta Carolina Reaper da Fogo Mineiro. Salame picante lustrou a boca.
Na mesa repousavam travessas de farofa (neste dia, pedi a “spicy”, com Tabasco), caesar salad, fritas prussianas, polenta crocante por fora e cremosa por dentro e o aipim, igualmente sedoso e também explosivo no dente, minhas guarnições preferidas e usuais.
Manda um espeto de pirarucu, e depois umas morcillas, por favor. Eu peço.
Vem o Silva, e deixo nas mãos dele o menu carnívoro. Primeiro, costeletas de porco preto e pancetta com molho de melado e tomilho. Eita, que o trem tá esquentando as caldeiras, soltando fumaça. Estamos a todo o vapor.
“Bond, vamos começar com a chuleta, corte histórico de nossas grelhas e que sumiu dos menus?”, foi a senha para trocarmos o branco pelo tinto.
“Tem osso?”, perguntou o amigo, com raro conhecimento de causa.
“Claro!”, exclamei com o Silva.
Este é meu corte bovino preferido no momento. Mas junto com a entranha.
Foi um desfile de matar vegano de inveja. Ponta de picanha, ancho, fraldinha, T-bone (de cordeiro, inclusive), tuti do costelão… e chegam costeletas de cordeiro, paleta do mesmo, javali, “picanha” de pato, codorna (melhor que a do Feio – entendedores entenderão).
Numa mesa ao lado, uma importadora de vinhos apresentava uns rótulos a um restaurante italiano de Ipanema. Nos mandavam taças, e depois garrafas para finalizar.
À certa altura tivemos o privilégio de papear com seu Antônio Saraiva, pai – uma raridade. São 60 anos de casa.
Teve mais coisas, escrevo do que lembro de cabeça.
Só sei que dias depois o Bond voltou com amigos. Esse sabe das coisas.
Obrigado, meu chapa, por esta experiência.
Beberemos. Comeremos!!!
5 commentários
Bond é um dos pilares da cultura gastronômica brasileira. É bom porque é o Bond. Fala a língua popular, mas culta, que todos conseguem entender!
De seguidor tive a honra de virar amigo!
Devagar, também é velocidade!
É isso aí, fera! Obrigado pela presença! Abraço!
Bonder é um amigo de longas datas,com quem tenho o prazer de dividir boas histórias e sonoras gargalhadas.Compartilho à mesa e,sempre,com a presença marcante dos filhos (lindos que amo) e sua esposa,minha grande amiga.
Gosto de ouvir sobre suas andanças pela gastronomia,nos mais variados lugares desse nosso Brasil.
Mas o bom mesmo,e o que mais gosto,é estar no calor do Rio para um papo sem pressa,com esse amigo querido,afinal devagar também é velocidade.
Esse cara é DEZ… já é uma lenda carioca, quiçá nacional, conhece tudo essa figura folclórica… se alguém quer comer bem a preço justo e em locais agradáveis, se procura um bom boteco, basta seguir a figura… Um prazer inenarrável ser seu amigo de longa data… dá-lhe garoto.
@bondboteco.
Esse cara é DEZ… já é uma lenda carioca, quiçá nacional, conhece tudo essa figura folclórica… se alguém quer comer bem a preço justo e em locais agradáveis, se procura um bom boteco, basta seguir a figura… Um prazer inenarrável ser seu amigo de longa data… dá-lhe garoto. @bondboteco.