Bruno Agostini
Entre os restaurantes que abriram de um ano para cá, um dos que eu mais gostei foi a Padella Trattoria, do chef Nello Garaventa.Além de cozinhar muito, ele faz um tipo de comida que eu adoro, e ainda por cima é uma casa italiana. Linda, por sinal.
Acho engraçado ninguém dizer isso, mas eu acredito que a Padella seja um dos grandes restaurantes do Rio, tem que estar em qualquer lista dos 10 melhores. Qualquer. Mesmo assim, é um lugar com proposta simples e informal, o que faz ganhar ainda mais destaque na minha estima. Pelo menos, o Rio Show reconheceu a casa como melhor italiano do Rio nesta edição de 2023, o que me deixou muito contente, achando que é merecido demais.
O Danio Braga está sempre por lá. E também no Grado, também do Nello. Coisa de mestre e pupilo, afinal, o Nello trabalhou com ele, com quem aprendeu muito. Mas o Nello faz na Padella um tipo de comida italiana rara de se ver mesmo lá na Velha Bota, o melhor país do mundo para se comer – e quem discordar está tremendamente errado.
Ninguém faz, por aqui, panelinha de timo, por exemplo. É como chamam ali uma versão de La Finanzieira é um prato típico do outono piemontês nesta época de trufas, quando o frio se aproxima e a região de Alba vira meca do turismo gastronômico. Queria, a propósito, estar por lá no momento… Mesmo lá na região o prato não se encontra em toda a parte, muito menos durante todo o ano, mas aqui – ó, glória – a gente tem esse maravilha à disposição de janeiro a janeiro. Todos os dias… exceto segunda, quando a casa está fechada. Grazie mille!
E que tal bottoni de língua? Trippa alla parmegiana? Foram esses três pratos citados que pedi no meu inesquecível almoço por lá, no final de maio. Por isso, compartilho dois posts que fiz para o Instagram na época, quando mostrei meu assombro com o que comi naquela tarde de outono carioca (como eu gosto!). Aliás, segue lá: @brunoagostinifoto
Um, eu publico hoje, e o próximo na quinta-feira da próxima semana, dentro desta fotogênica, deliciosa e irresistível coluna chamada Retrato de um Prato, que tanto gosto de fazer, mesclando receitas clássicas com o que ando provando de melhor e mais lindo por aí.
DEMORA RECOPENSADA: PARTE 1*
Demorei oito meses para visitar a @padellatrattoria do grande @nellogaraventa
Sem dúvidas, um vacilo. Dos grandes.
É o tipo de comida que eu gosto além da conta.
Italiana, do norte, onde reluzem pratos com tripa, língua, animielle (timo) e outros ingredientes fascinantes, incluindo crista de galo.
Tive um almoço sublime hoje, totalmente meu número, com execução primorosa de carnes, caldos, massas e molhos. Tudo reluz.
Comecei um trippa alla parmegiana, com a dobradinha desfiada em rico molho de tomate com queijo, cremoso e saboroso, algo que sou incapaz de descrever. Sério, não consigo explicar.
Depois, sugestão do maître, um bottoni de língua, uma massa verde recheada com este carne bucal que tanto aprecio, servida com dois molhos, a redução do seu próprio cozimento e uma manteiga de ervas, animal!!! Massa muito delicada, recheio idem… Loucura.
Por fim, a razão principal de minha tardia visita: panelinha de timo de vitelo com riso al salto. Uma baixela de cobre com um molho antológico, histórico, que entrou pra sempre em meu coração. Além do timo, a composição digna de compêndios culinários com o que de melhor existe no mundo da gastronomia tinha cogumelos, endívias e cristã de galo, tudo puxado em redução de vinho Marsala, é servido com um crocante riso al salto, ao açafrão. A cada garfada, um gemido de prazer e emoção.
Grazie mille, chef Garaventa, o Iluminado! 
SERVIÇO
Padella Trattoria: Rua Conde de Irajá 115, Botafogo. Tel.: 3936-3351. Instagram: @padellatrattoria
* Este post foi escrito para o Instagram @brunoagostinifoto
