Vinho da Semana: Puro Pét-Nat, um delicioso IGT da Toscana que é puro frescor

O vinho, produzido com a Trebbiano Toscano, através de fermentação natural – Foto de Bruno Agostini
Não sei se você sabe, mas os espumantes produzidos através do método tradicional, ou seja, com segunda fermentação na garrafa, são vedados primeiramente com uma tampinha de metal, como as de garrafas de cervejas e refrigerantes. Só depois do processo de dégorgement, quando – para resumir – os sedimentos, basicamente leveduras mortas, são retirados da garrafa, a garrafa recebe a famosa rolha “cogumelo”.

Há um tipo de vinho que chega assim ao mercado, com tampinha de metal: são os espumantes pét-nat, abreviação de “pétillant naturel”, vinhos também conhecidos como espumantes de método ancestral. É um estilo que está em alta, no mundo inteiro, e há coisas maravilhosas feitas assim aqui no Brasil, como os vinhos da Vinhas do Tempo (http://www.vinhasdotempo.com.br), que acho simplesmente sensacional.
Tive um almoço no ótimo Sul, na igualmente excelente companhia do meu amigo Nello Cassese, chef executivo do Cipriani e diretor de alimentos e bebidas do Copa. Comemos magnificamente bem. E bebemos também.
Começamos com tudo: já conhecia alguns vinhos da cantina italiana Puro, que faz rótulos do meu número, com pouco álcool, com uvas de cultivo biológico, leves e refrescantes. Mas ainda não conhecia o seu pét-nat, e foi com ele que recebemos as boas-vindas do Nelson Soares, sócio do Sult, expert em vinhos e cozinheiro de mão cheia, mesmo sem formação profissional (cozinha melhor que muito chef metido a besta por aí).
Carne cruda do Sult (cada vez que vou lá eu acho melhor – Foto de Bruno Agostini
Para acompanhar a deliciosa carne cruda, ou seja, o tartare italiano, com carne cortada mais grossa e temperada (no caso com sal, limão siciliano, azeite, grana padano e avelãs tostadas), ele nos serviu o Puro (R$ 200), que é importado pela Mondorosso (www.mondoroso.com).
– É um vinho frizante branco, feito com a uva Trebbiano Toscano. No processo de produção, fazem a prensagem dos cachos inteiros, a fermentação é natural, com leveduras indígenas, durante 10 dias e com a segunda fermentação na garrafa. Tem apenas 10,5 graus de álcool e não tem adição de sulfito. A produção é de apenas 5 mil garrafas – conta Nelson, que hoje se divide entre a cozinha e os salão, e cuida da compra dos ingredientes (prove os mariscos, como lambreta, ostra e sururu!) e dos vinhos.
Que delícia de vinho. beberia no inverno dos Alpes Suíços, na frente da lareira, mas certamente ele combina ainda mais com uma tarde quente como a que anda fazendo no Rio. Puro refresco, sabor marcante de frutas (muita pêra, pêssego, melão), gostosa acidez e ligeiras borbulhas, característica desse estilo de vinho, leve, refrescante, frutado, pouco alcoólico e que a gente bebe, bebe e bebe sem sentir. Totalmente glou glou. É um vinho turvo, porque não é filtrado e nem as leveduras são retiradas da garrafa.
Queria começar todo almoço no verão terrivelmente escaldante do Rio com uma garrafa dessas. Puro, um vinho que até no nome é sincero.
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