De Bar em Bar: o boteco de Copacabana rebatizado pelo Jaguar

Seu Hermínio e a sardinha que ele mesmo compra nas feitas do bairro – Foto de Bruno Agostini®

Seu Hermínio é um desses personagens dignos de tombamento, desses que merecem estátua. Eu faço o que posso, e de minha parte frequento aquele balcão antes mesmo do Real Chopp ganhar o nome atual.

Ele é uma figuraça, como se vê na foto.

Seu Hermínio também é bom de papo. Um dia, puxei assunto, dizendo que trabalho com Vinhos Verdes, como embaixador da Quinta da Lixa.

Guiga com vinagrete de polvo: combina! – Foto de Bruno Agostini®

Ele mostrou que tem uns rótulos da região, e que poderia colocar o meu também. E lá está o Guigas, que tão bem combina com a cozinha de lá, feita de petiscos sobretudo da mais fina linhagem luso-carioca. Não poderia faltar uma boa sardinha frita.

É lugar certeiro pra comer ovas de peixe, sanduíche de pernil, fritada de bacalhau, feijão amigo, fígado acebolado, lula à dorê, frango à passarinho, vinagrete de polvo… a picanha na chapa, podes crer, é excelente. Também dá samba a carne-de-sol na cebola com aipim e farofa.

Numa dessas conversas, fui me certificar da origem do nome do bar, que tinha vaga lembrança. Tem origem nobre. Seu Hermínio comprou a birosca em 1982, “nos tempos em que era fácil comprar uma padaria, um açougue ou um pequeno bar”, como ele mesmo recorda.
Era Real Sucos. Mas, além de tuttti-frutti, manga, acerola e açaí, a casa também servia o suco de cevada, gelado e na pressão, como gosta o carioca -direto das torneiras.
Chope da Brahma jorrava nas tulipas, e a boêmia carioca se aboletava no balcão para algumas rodadas regadas aos petiscos expostos na vitrine refrigerada. Tem até prêmios da cervejaria. Por vender muito, e com padrão elevado de qualidade, o que inclui armazenamento dos barris, sistema de refrigeração e pressão etc. Como manda o figurino, chope padrão, com espuma, gelado e sempre fresco, com abastecimento regular.
Louros e relíquias do Real Chopp – Foto de Bruno Agostini®
Da cozinha, vinham acepipes típicos de biroscas suburbanas, como o bolinho de carne apropriadamente batizado de feioso, que de fato é, mas também é gostoso, e faz sucesso com a clientela há tempos. A pimenta da casa, aliás, e das melhores, e lustra quase tudo o que se come ali.

Há pratos substaciosos, como o famoso arroz de rabada servido aos domingos, que fica exposto na vitrine aquecida, e que sempre acaba cedo. Quem chega tarde, fica na saudade. Sábado tem feijoada, feijão tropeiro, almôndegas e abobrinha recheada. Terça tem frango com quiabo! Quarta tem peito de boi com coradas, e sexta é dia de mocotó. Tá bom pra você?

Minhas primeiras visitas foram ao longo dos anos 1990, e em 2006 incluí o bar no Guia Quatro Rodas, como um legítimo representante da cultura carioca, uma casa de sucos que virou botequim – dos melhores, por sinal.
Naqueles tempos ainda era Real Sucos. Eis que, em 2008, quando o Rio recebeu a primeira edição do Comida di Boteco, a casa do seu Hermínio foi – com razões de sobra para isso – convidado a participar da contenda.
Jaguar apareceu por lá, pra uma rodadas de chope com Steinhäger, como fazia em outros redutos como Bracarense e Clipper, onde já o encontrei algumas vezes.
– Pô, como é que vocês vão participar de um torneio de botequins com esse nome? Tem que mudar: Real Chopp! – decretou o cartunista.
E, assim, desse modo tão carioca, o bar foi rebatizado,  para a eternidade. O Real Chopp é imortal!

SERVIÇO
Real Chopp: Rua Barata Ribeiro 319, Copacabana. Tel.: 2257-2645. Instagram: @realchopprj

 

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