O delicioso Reino de Artagão: com quatro Rainhas e uma Princesa, o império está em tempos de expansão

 

Trio de petiscos na novidade da temporada, a Taberna Rainha, no Leblon: mexilhões em seu molho, anchovas com stracciatella e atum atomatado -
Trio de petiscos na novidade da temporada, a Taberna Rainha, no Leblon: mexilhões em seu molho, anchovas com stracciatella e atum atomatado – Foto de Bruno Agostini®

O Reino de Aragão dominou parte da Península Ibérica a partir do ano de 1035.

O Reino de Artagão foi fundado em 2020, no auge da pandemia, quando Pedro, o Audaz, inaugurou seu primeiro castelo, o Galeto e Boteco Rainha, territórios ainda separados por uma loja de vinhos – hoje unificados pela aquisição do comércio vizinho, aumentando o salão, e unificando as duas áreas.

E a inspiração de tudo vem justamente da Península Ibérica, que é – resumidamente – a gastronomia tradicional carioca, forjada nas cozinhas dos imigrantes portugueses, sobretudo minhotas, e espanhóis, principalmente galegos.

O menu é desses que podem, ainda, receber algumas influências de outras partes do mundo, mas a essência é ibérica. E, assim, muito da carioca.

 

Frigideira de frutos do mar: vistosa  – Foto de Bruno Agostini®

Deste modo, comemos carne assada e lombinho com tutu no almoço executivo, e petiscos tais o torresmo de barriga, o caldinho de feijão e os croquetes, incluindo um de lagosta que vou te contar… Bem como polvo à vinagrete, sardinha frita, arroz de bacalhau e tudo o mais que é típico de nossas biroscas e dos mais clássicos e antigos restaurantes da cidade: sim, tem filé à Oswaldo Aranha, bobó de camarão e moquecas (Bahia também tem representação na cozinha típica carioca), arroz de pato e camarões à Ramiro (referência à famosa cervejaria lisboeta). Sem falar na majestosa frigideira de frutos do mar, digna de todas as realezas. O polvo com arroz de brócolis é estupendo.

Joia da coroa é o caldinho de mocotó, cada vez mais escasso na cidade – Foto de divulgação / Alexander Landau®

De suas duas rainhas nasceu a caçula: o Boteco Princesa, consagrado em 2021, que logo se tornou popular entre os súditos, ficando lotada todas as noites de apreciadores fiéis de sua ementa: amigo, tem frango com quiabo às terças, e dobradinha às quintas.

Sabe o que mais? Há minutas, guarnecidas por arroz, feijão, fritas e saladas. Com filé à milanesa e calabresa acebolada (pena que não tem público, mas queria um fígado acebolado também, desses que nos fazem – os apreciadores dos grandiosos miúdos – gemer de alegria e prazer. Mas é claro que tem picadinho carioca, estrogonofe e filé à piemontese, esse clássico do Leblon, nobre continente onde está essa monarquia do sabor. Que tal um fidalgo que surge solene em forma de caldinho de mocotó com feijão branco? Eu aplaudo esse reinado.

Em 2022, foi a vez de conquistar São Paulo, celebrando com o seu Boteco Rainha. Um sucesso, paulistas amam botequins cariocas. Como se fosse um sheik árabe, vemos Artagão e suas três Rainhas, ainda com uma única herdeira do clã. Mas a família está crescendo, em ritmo acelerado, considerando a batalha que é ter um restaurante no Brasil – ou qualquer outro negócio.

Cada uma dessas quatro cidadelas tem seu próprio menu. Muitas receitas se repetem. Essas majestades sabem ser cariocas, com charme e descontração. Dá até pra gente ir de chinelo e cheio de areia, depois da praia. Quando no Rio, é claro.

Salada de camarões e batata: não perca! Na nova Taberna Rainha – Foto de Bruno Agostini®

Chega 2023 e a expansão territorial continua. Eu vejo com entusiasmo a conquista de novas terras. Ainda em território ilhéu do Leblon, essa ilha imensa, formada pelo mar, pelos canais do Jardim de Alah e da Visconde de Albuquerque, com a lagoa delimitando o seu final (raciocínio genial de Tom Jobim), foram abertos os portões de novo castelo, este batizado de Taberna Rainha, esse – sim, e perfeitamente, inspirado nas tascas e bodegões de Portugal e Espanha. Fica na mesma Dias Ferreira, do Boteco e Galeto, bem perto, aliás. Onde, até o início de dezembro, funcionou o Irajá Gastrô, primeira marca do grupo. Estive lá, tive um lindo almoço, e fiz esse post aqui (clique para ler). Em menos de um mês fizeram a obra: meu texto é do dia 3/12/22, e a Taberna abriu no dia 4/1/23.

E como são as coisas por lá? Isso fica para o post da semana que vem, aqui neste botequim chamado De Bar em Bar, sempre às terças.

Mas já adianto que os domínios desse império logo chegarão à Barra. O Rei Artagão, em breve finca bandeira no Rio Design Barra, através do Boteco Rainha e do Irajá Redux, que não tem nome de majestade, mas traz o DNA do Grupo Irajá, que é o nome oficial dessa dinastia.

Esse polvo do Boteco Rainha é digno de um banquete real – Foto de Bruno Agostini©

E MAIS:

– Retrato de um Prato: os Callos à Andaluzia da Rainha Taberna, a melhor dobradinha do Rio

– De Bar em Bar: Boteco e Galeto Rainha, e o melhor polvo do MEU MUNDO!  

– De Bar em Bar: Boteco Rainha, do Grupo Irajá do chef Pedro de Artagão, reina na Dias Ferreira

– Retrato de um Prato: o filé ao gorgonzola do Boteco Princesa, um clássico melhorado

– Cerveja de Bandeja: Já, uma refrescante e deliciosa lager com caju, parceria da Hocus Pocus com o Grupo Irajá

– Feijão com Mocotó: o dueto de caldinhos no Boteco Rainha desperta lembranças do Rei do Limão

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