“Toda a semana a gente está chamando um chef, ou algum outro amigo que gosta de comida, para participar da noite Open Wine, que acontece sempre às terças ou quartas, dependendo do futebol. Aí, funciona assim: a pessoa sugere uma ou duas receitas, que ela gosta ou faz, e a gente executa. Se você topar, com porco, óbvio, é só dar umas ideias de receitas que você gosta de comer, ou de fazer em casa, que a gente prepara, de teste, e depois marca de provar junto, fotografar etc. É algo simples, noite bem descontraída”.
Era um áudio de WhatsApp do amigo Eduardo Gomes, o Dudu, do Porco Amigo Bar, me convidando para o evento semanal, quando é cobrado um preço fixo (R$ 99) para provar alguns vinhos selecionados por eles (os parceiros do @_vinhodacasa), e é servido um pequeno menu, que fica em cartaz só naquela noite, e pelos próximos dias.
Topei na hora, claro.
Também nem pensei muito sobre o que seria minha sugestão: China, cuja comida eu gosto cada vez mais e mais. Já tinha, inclusive, combinado de fazer um gyoza no fim de semana seguinte, Dia dos Pais, para comer com a filha (tínhamos provado uma versão infeliz uns dias antes, dessas que a gente até manda voltar). Seria, digamos, o petisco.
O prato principal foi fácil escolher, porque gosto muito, e faço com grande frequência, um arroz de porco, geralmente de costelinha. Faço mais úmido do que os chineses, porque gosto de arroz mais cremoso, quando não caldoso mesmo. Tem aquela base de temperos, com Mirin, shoyu, gengibre, cebolinha, pimenta, óleo de gergelim etc, mas é mais generoso na textura. Geralmente, finalizo com ovo, que pode ser pochê ou mexido, mas geralmente eu cozinho ao fim do preparo, sobre o próprio arroz, na frigideira.
Eu dei apenas uma ideia:
“Não sei fazer torresmo, então não uso em casa. Mas acho que a gente devia botar”.
O legal desta noite é também o fato de que nem eles querem reproduzir a minha receita muito menos eu quero fazer um arroz de porco à moda chinesa igual a eles – nem saberia. A ideia é dar um toque da casa. Eu curti muito o resultado.
Como um ninja, Jiraya, apelido do gente boa que comanda a cozinha do Porco Amigo Leblon, junto com o chef Nery Owczarza, teve uma ideia para o gyoza que realmente tem tudo a ver comigo. No recheio, ele usou um pouco de batata, o que logo me levou aos varêniques que tanto amo no restaurante Dona Irene – entre o todos, é o que faz parte de minha vida há mais tempo, e o mais importante para mim, pelo que é e pelo que me representa, em particular (tem posts aqui neste link sobre este incrível e mágico lugar, em Teresópolis, que serve um histórico banquete russo, digno de czares). Ficou excelente e delicado no sabor. No molho, também fez diferente: usou um pouco do caldo de porco que foi usado para fazer o arroz. A porção vai custar R$ 32.
Neste preparo, além de colocar o torresmo, como eu sugeri, também fez outras excelente intervenções, testadas e aprovadas por mim: acrescentou nirá, e finalizou com uma maionese caseira o que lhe deu um acento espanhol de paella, e umas cebolas tostadas, que entregaram textura e sabor ao prato. Fora o ovo frito por cima, que melhora tudo, e que não pode faltar coroando o prato. Ficou muito bom. Por irrisórios R$ 42.
De arroz, o povo ali entende, e faz sentido o uso bem colocado da maionese: afinal, o Nery, que também é sócio do Porco Amigo, junto com Dudu, trabalhou anos e anos no Venga, da inauguração, em 2009, até sair para abrir o seu próprio bar, em 2018. Ou seja, de paella o cara entende. Em porco, são experts. E, de amizade, o nome da casa já diz todos.
Então, já sabem: terça que vem, no Porco Amigo do Leblon, das 18h às 23h, tem ação entre amigos. Vai ser divertido e saboroso, com certeza. Essa receita nunca dá errado.
Te espero lá.
SERVIÇO
Open Wine no Porco Amigo Leblon: Rua Conde Bernardotte 26, Leblon. Terça, 30/8, das 18h às 23h. A degustação de vinhos custa R$ 99, e o cliente pode beber quantas taças quiser dos rótulos da noite. Já o gyoza sai a R$ 32, porção com cinco unidades, e o arroz por R$ 42. Mais informações e reservas no 3012-1621.