Vi o alerta de visita obrigatória no Instagram de um amigo, que fez um Stories elogiando um taco, que parecia muito bom, destacando que era feito com milho crioulo e outras coisas que não me lembro.
Escrevi para ele, que respondeu dizendo que “O dono é cozinheiro dos bons! Passagens por fine dining aqui no Rio e fora do Brasil. Trabalho extremamente cuidadoso a preço hiper razoável.”
O cara sabe das coisas, e logo decidi priorizar uma visita urgente, ainda mais porque é aqui do lado de casa, pertinho do Metrô da Barra, no Condado de Cascais, centro comercial que abriga, ainda, dois antigos endereços queridos por mim há muitos e muitos anos: o Ettore e a Academia da Cachaça.
Meu amigo se referia a Pedro Carvalho, que trabalhou no Olympe, acabo deslocado para o Le Blond, e assim decidiu abrir o seu próprio negócio.
Mas, por que uma taquería?
– Morei em Paris um tempo e tinha uma taquería perto de casa. Sempre gostei muito de comida mexicana e senti falta de uma casa assim no Rio – explica, enquanto eu agradeço.
Na cozinha tem a ajuda da simpática Aline Sasaqui, o que torna o balcão o melhor lugar, tanto para acompanhar o trabalho dela, quanto para papear.
Fui decidido a pedir duas versões: de cupim al pastor, e de barriga de porco, ainda bem curioso pela de couve-flor, legume tão delicioso e versátil quanto desprezado, infelizmente (adoro uma versão meio indiana que faço, assada, ao curry, servida com iogurte caseiro).
Mas, vamos ao mexicano.
Há uns dez anos abriu um mexicano no Leblon, cujo nome não me lembro, que achei muito bom, por sinal.
Os tacos eram caseiros e flexíveis, como vi em barracas de rua no México. Montagens coloridas, com tomate, coentro, queijo em doses moderadas, e muitas variações, de feijões a mole de chocolate.
Li uma crítica triste, que dizia algo assim: “Bom o tempo, mas o lugar não mostra autenticidade, ao servir um taco de massa mole, mais parecida com panqueca, e não endurecida, formando uma concha”.
Pensei… esse crítico nunca foi ao México, e acredita que taco original é duro, como o do Taco Bell, ou como a linha importada Fiesta, que eu encontrava no Zona Sul. Uma pena… Crítica lamentável. A pessoa acha que cozinha mexicana é Tex-Mex, mas não é… Sem base ou conhecimento, e sequer um pouco de pesquisa. Triste.
Havia até a pandemia um mexicano miudinho, em Ipanema, que sempre me fez feliz, especialmente com seus “huevos rancheros”, uma paixão minha. Era o já saudoso Asteka.
Mas… quero mesmo é falar do Dos Perros, inaugurado há cerca de um mês, que já anda fazendo barulho, porque merece, sem ter assessoria de imprensa, nem nada, o que hoje até parece melhor, porque assim não se corre risco de ler bobagens sem fundamentação em veículos importantes, o que pode arruinar um restaurante novo (aliás, acontece muito).
O que queria dizer é: vá logo ao Dos Perros, moleza, do lado do Metrô Jardim Oceânico.
Ou peça em casa, preguiçosamente, e coma algo pior, como sempre acontece. Melhor ir beber na fonte.
No caso, pra matar a sede, escolhi uma Three Monkeys Classic IPA, numa loja de conveniência logo ao lado, porque cheguei pontualmente ao meio-dia, e as duas da casa ainda não estavam geladas (Beck’s e Corona). Esta ótima India Pale Ale, cravada no estilo, perfumada, maltada, lupulada e muito elegante foi a mais perfeita companhia para os tacos, com carga extra de pimenta da casa, excelente: vendam isso, por favor! Botei bastante pimenta, até suar. Porque eu gosto, mas vá com cuidado para não se queimar.
O menu executivo, contempla, além dos pratos da semana, escritos na lousa à porta (foto 2 deste post), a escolha de dois tacos, e recebemos, ainda, uma deliciosa coxinha, chamada taputinga, com massa e recheio realmente incríveis.
Tudo isso só para dizer que este bar mexicano Dos Perros é mais um para a minha lista cada vez maior de lugares novos altamente recomendáveis, porque aliam uma comida bem executada e com personalidade, em ambientes sem fru-frus nem serviço pedante, e com preços bem atraentes.
Viva essa nova geração! No fim de semana escrevo mais sobre ela. Vamos falar de Coltivi, Quartinho, Café 18 do Forte, Nosso, Chanchada, Sult, Otra, João Padeiro, Canastra, Lilia, Labuta, Pope e o promissor Belisco, que logo abre as portas em Botafogo, epicentro dessa turma que está botando para quebrar.
SERVIÇO
Dos Perros: Condado de Cascais, Avenida Nuta James (junto ao Metrô Jardim Oceânico) 65/65-G, Barra da Tijuca. Instagram: @dosperrosbr
Dos Perros: Condado de Cascais, Avenida Nuta James (junto ao Metrô Jardim Oceânico) 65/65-G, Barra da Tijuca. Instagram: @dosperrosbr